segunda-feira, 17 de março de 2014

Três de Março de 2014


Quando perdemos alguém, temos uma vontade incontrolável de voltar no tempo, de viver todos aqueles momentos que passamos juntos. De ouvir o riso da pessoa novamente, de ouvir a voz. As brincadeiras. Parece que tudo aquilo passou despercebido enquanto vivíamos nossas vidas e o mínimo dos detalhes não era relevante o suficiente para chamar nossa atenção. Mas uma dessas pessoas que perdemos era especial, ela cativava a todos, inclusive aqueles que não percebem muito o mundo ao seu redor.
Minha tia Cristina era uma dessas pessoas, e me incomoda usar o verbo no passado porque pra mim ela sempre foi e sempre estará presente, pois como comigo e como com todas as pessoas que passaram pela vida dela, ela marcou, ela fez presença, sua alegria era contagiante e sua dor mobilizou até o mais duro dos corações.
É comum que quando alguém morre todas as lembranças passam a ser boas, afinal de contas ninguém quer falar mal de um falecido, mas isso não se aplicaria a minha tia. Ela era sim uma pessoa que cometeu algumas falhas e fez alguns erros ao longo do caminho, mas mesmo apesar deles ou até por causa deles, ela era uma mulher admirada. Ela é uma mulher admirada. O tipo de pessoa que você lembra dos risos, das brincadeiras e até do som da voz se procurar bem na memória. Ela ajudava a quem precisava, e ajudou também a quem não precisava mas ela se sentia responsável. Ela teve dores e passou por sofrimentos como todos nós, mas o que a diferenciava de nós era a alegria. Contagiante de verdade. Uma mulher que fazia contagem regressiva para o seu aniversário mesmo depois dos 40. Que ficava feliz em receber visitas. Que se preocupava com as pessoas da família, até com aqueles que ela não demonstrava muito,  mas dava pra perceber o carinho.
Ter feito parte de sua vida me mudou, assim como eu acho que mudou a praticamente todos que a conheceram. Sua força, mesmo que as vezes ‘frágil’ diante de algumas dificuldades era inspiradora. Os erros que cometeu, cometeu por amor e não pelo amor dela e sim pelo dos outros. Ela amava demais. Se doava demais. E as vezes doía demais também. E mesmo depois disso tudo o que ela passou, ela ainda é uma das pessoas mais queridas que eu já conheci. Tenho certeza que qualquer pessoa que leia isso terá uma história carinhosa pra contar sobre ela, porque ela era especial. E dizem que quando a pessoa é realmente especial ela não nos deixa de verdade, ela segue em nossos corações, em nossas contagens regressivas, em nossas lembranças dos ótimos momentos que tivemos ao seu lado.
É muito ruim se dar conta das pessoas especiais que temos em nossas vidas só depois que elas se vão, mas essa minha tia, ahh, essa minha tia era especial ao nosso lado, na dúvida, é só lembrar de como se sentia ao lado dela, lembrar dos bons momentos e das risadas e das perguntas inesperadas que eram tudo o que você queria e precisava ouvir naquele momento.

Já se passaram sete anos sem vê-la, sete anos sem ouvir a contagem regressiva e toda a festa que ela fazia em todas as ocasiões. Sete anos sem sua ajuda e sua motivação e seu riso contagiante. Eu sei que a dor não passa, mas será que a saudade algum dia será aliviada?


                                               Foto:http://www.bubblews.com/news/1031440-the-feeling-of-missing-someone-you-care-about

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