segunda-feira, 17 de março de 2014

Dezenove de Março de 2014


No dia em que a equipe do Dr. Zerbini fazia o primeiro transplante de coração em São Paulo, o cirurgião Gilson Braga reimplantava a mão da menina Cristiane Porreca, de dois anos, no Hospital São Francisco Xavier, no Estado do Rio. Mas o hospital onde o Dr. Braga fez o reimplante não é um Hospital das Clínicas de São Paulo. O São Francisco Xavier é uma casa velha construída em 1810. Seus dois andares tem 65 leitos, mas não podem ser chamados de ambulatórios. Os quartos são forrados de tapumes de madeira compensada e jornais velhos substituem os vidros quebrados das janelas. A habilidade do cirurgião, numa enfermaria onde costuma faltar gesso para tratamento de fraturas e soro antitetanico, permitiu reconstituir todos os vasos sanguineos da mão, decepada quando a menina Cristiane caiu de um carro em movimento.” Revista Veja Primeira Publicação

Eu nasci em vinte e cinco de março de 1990, pelas mãos do meu próprio pai, assim como acho que todos os meus irmãos também e muita gente nessa cidade, mas esse pequeno texto resume toda a minha memória dele. Não que eu estivesse presente lá quando tudo aconteceu, mas por ele ter falecido no dia dezenove de março de 1995, minha relação com ele foi cortada abruptamente e eu não consigo nem sei lembrar o pai carinhoso que as pessoas dizem que ele foi. Na verdade eu quase não me lembro de nada além do que as pessoas que o conheceram dizem sobre ele, e sempre é sobre o DR. Gilson Braga, o ótimo médico, que mesmo em um hospital precário como diz a reportagem, fez mais pela cidade de Itaguaí do que o batalhão de médicos e enfermeiras que são pagos por esse ‘prefeito’ são capazes de fazer hoje em dia. Eu não sei muito o que falar sobre meu pai, vejo a relação e ouço as histórias que outras pessoas contam e tento ao máximo me relembrar daquela pessoa que sem a qual eu não estaria aqui e eu não seria quem sou, mas é difícil. Por muito tempo culpei outras pessoas e outras situações por não lembrar bem dele, mas demorou muito para eu entender que com apenas quatro anos não há muito o que o cérebro consiga armazenar, ou lembrar no meu caso. Muitas coisas mudam e mudaram nesses dezenove anos, algumas pra melhor, outras pra pior, mas todos os meus momentos eu tento lembrar de quem ele pode ter sido, além do médico, além do cara que tinha caixas e mais caixas de doce no escritório e que encantava todas as crianças da família ou da cidade, crianças essas que já tem suas próprias famílias e historias pra contar.
Sei que muita gente o conheceu, e muitos tem várias histórias e coisas boas a dizer sobre ele. Mas eu não consigo, eu tento e tento me lembrar, e às vezes vem aqueles flashes, eu usando mascara cirúrgica fingindo que um dia seria médica como ele, não uma médica qualquer que só está atrás do dinheiro como uma grande parcela dos médicos de hoje em dia, mas uma médica de verdade, que seguisse o juramento de atender a todos, "Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. 
Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. 
Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. 
A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. 
Respeitarei os segredos a mim confiados. 
Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão 
médica. 
Meus colegas serão meus irmãos. 
Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. 
Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza. 
Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra."
. Era assim que eu gostaria de ter sido, como meu pai.
Hoje sabemos como isso faz falta, talvez esse não seja o texto original do juramento de Hipócrates, mas é uma de suas versões adotadas atualmente, e que se paramos para ler veremos que há muito tempo não vemos médicos dessa forma. A primeira preocupação dos médicos é o salário no fim do mês e não a saúde de seus pacientes. É só ir pro hospital público mais próximo de você que perceberá isso.
Mas a questão aqui não é a precária saúde medica no Brasil e principalmente em Itaguaí, mas sim a falta que os bons médicos fazem, a falta que o meu pai faz. Não sei como escrever um texto carinhoso sobre as maravilhas de ter Gilson Braga como pai pois não há como adquirir carinho pelas histórias que ouvimos, mas eu tenho respeito e admiração pela pessoa que ele foi, não tanto pelo homem, mas muito pelo médico e pelo ser humano. Há muito me acostumei com a frase ‘Ah, se Dr. Gilson estivesse aqui’, mas ainda não consegui entender bem a falta dele, a saudade que eu sinto de quem mal conheci, a dor que o dia dezenove carrega apenas por ser o dia em que ele morreu, talvez quando alguém me perguntar ‘quem você gostaria de ter conhecido? Algum famoso, vivo ou morto’ eu diria meu pai, pois de alguma forma e pra algumas pessoas ele foi e é muito famoso e talvez eu tivesse a chance de conhecê-lo e de falar coisas que ficam entaladas na garganta, coisas como ‘oi pai, senti saudades, que bom que está aqui’.

Enfim, apesar de não lembrar, sinto saudades. Dezenove anos de saudades.

Três de Março de 2014


Quando perdemos alguém, temos uma vontade incontrolável de voltar no tempo, de viver todos aqueles momentos que passamos juntos. De ouvir o riso da pessoa novamente, de ouvir a voz. As brincadeiras. Parece que tudo aquilo passou despercebido enquanto vivíamos nossas vidas e o mínimo dos detalhes não era relevante o suficiente para chamar nossa atenção. Mas uma dessas pessoas que perdemos era especial, ela cativava a todos, inclusive aqueles que não percebem muito o mundo ao seu redor.
Minha tia Cristina era uma dessas pessoas, e me incomoda usar o verbo no passado porque pra mim ela sempre foi e sempre estará presente, pois como comigo e como com todas as pessoas que passaram pela vida dela, ela marcou, ela fez presença, sua alegria era contagiante e sua dor mobilizou até o mais duro dos corações.
É comum que quando alguém morre todas as lembranças passam a ser boas, afinal de contas ninguém quer falar mal de um falecido, mas isso não se aplicaria a minha tia. Ela era sim uma pessoa que cometeu algumas falhas e fez alguns erros ao longo do caminho, mas mesmo apesar deles ou até por causa deles, ela era uma mulher admirada. Ela é uma mulher admirada. O tipo de pessoa que você lembra dos risos, das brincadeiras e até do som da voz se procurar bem na memória. Ela ajudava a quem precisava, e ajudou também a quem não precisava mas ela se sentia responsável. Ela teve dores e passou por sofrimentos como todos nós, mas o que a diferenciava de nós era a alegria. Contagiante de verdade. Uma mulher que fazia contagem regressiva para o seu aniversário mesmo depois dos 40. Que ficava feliz em receber visitas. Que se preocupava com as pessoas da família, até com aqueles que ela não demonstrava muito,  mas dava pra perceber o carinho.
Ter feito parte de sua vida me mudou, assim como eu acho que mudou a praticamente todos que a conheceram. Sua força, mesmo que as vezes ‘frágil’ diante de algumas dificuldades era inspiradora. Os erros que cometeu, cometeu por amor e não pelo amor dela e sim pelo dos outros. Ela amava demais. Se doava demais. E as vezes doía demais também. E mesmo depois disso tudo o que ela passou, ela ainda é uma das pessoas mais queridas que eu já conheci. Tenho certeza que qualquer pessoa que leia isso terá uma história carinhosa pra contar sobre ela, porque ela era especial. E dizem que quando a pessoa é realmente especial ela não nos deixa de verdade, ela segue em nossos corações, em nossas contagens regressivas, em nossas lembranças dos ótimos momentos que tivemos ao seu lado.
É muito ruim se dar conta das pessoas especiais que temos em nossas vidas só depois que elas se vão, mas essa minha tia, ahh, essa minha tia era especial ao nosso lado, na dúvida, é só lembrar de como se sentia ao lado dela, lembrar dos bons momentos e das risadas e das perguntas inesperadas que eram tudo o que você queria e precisava ouvir naquele momento.

Já se passaram sete anos sem vê-la, sete anos sem ouvir a contagem regressiva e toda a festa que ela fazia em todas as ocasiões. Sete anos sem sua ajuda e sua motivação e seu riso contagiante. Eu sei que a dor não passa, mas será que a saudade algum dia será aliviada?


                                               Foto:http://www.bubblews.com/news/1031440-the-feeling-of-missing-someone-you-care-about

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Ser normal?



"Seu tempo é limitado, por isso não o gaste vivendo a vida de outra pessoa. Não fique preso pelo dogma, que é viver pelo o que as outras pessoas pensam ou querem. Não deixe o barulho da opinião dos outros abafar a sua voz interior. E mais importante, tenha coragem de seguir seu coração e sua intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você quer ser. Todo o resto é secundário." - Steve Jobs







Oi. Você ai. Esse texto é exatamente e inteiramente pra você.

Não é estranho e meio absurdo que não conseguimos conversar? Ou concordar em qualquer coisa? Pra mim acaba sendo mais fácil escrever tudo o que tenho pra te dizer, tudo o que está entalado, tudo o que é necessário que eu fale, por mim. Para mim. Então, vamos lá.

Eu não me encaixo aqui. Eu não me encaixo em nada, eu me sinto como se estivesse completamente de fora e isso é mais do que não ter amigos ou ninguém pra conversar. Acho que isso é mais do que não ter um sonho ou algo ao que desejar. Por muito tempo eu achei (e às vezes ainda acho) que isso seja a depressão falando, esse pensamento que me faz desejar estar morta ao invés de aqui, desejar dormir por cinco anos ao invés de estar aqui... mas talvez, não seja bem assim. Eu só sou diferente, mas não sei se isso é bom ou ruim, tudo é relativo. Deixe-me tentar explicar um pouco melhor.
Lembra quando você era criança? Ou quando sua mãe era criança? Ou quando a mãe dela era criança? Você lembra como e quais eram os planos? Alguns podem ter mudado um pouco, mas em essência era mais ou menos assim:

Você nasce, cresce um pouquinho e vai pra escola e aí estuda, estuda, estuda e estuda muito pra conseguir passar no vestibular, pra entrar pra uma ótima faculdade, pra estudar mais um pouco, pra então sair da faculdade e conseguir um ótimo emprego... E ai sua vida começa. E ai você trabalha. E trabalha. E trabalha. E trabalha. Sempre recebendo o suficiente pra pagar as contas e comprar uma coisa ou outra no final do mês, mas nunca ganhando o suficiente pra realizar seus sonhos. E você continua trabalhando, em um lugar deplorável, fechado, nunca fazendo algo que você ama, mas continuando simplesmente porque não é algo que você realmente odeia e porque o dinheiro é bom. E você trabalha mais e mais, esperando que talvez, se agradar seu chefe e fizer seu trabalho direito você vai conseguir um aumento. E com o aumento vem mais trabalho, e mais trabalho e talvez um pouco mais de dinheiro, mas nunca dinheiro suficiente pra realizar aquele teu sonho. E você continua trabalhando, muitas vezes sonhando com a aposentadoria. Por que enfim você vai poder descansar e, lembra realizar aquele sonho com o dinheiro que vai receber. Opa, mas tem mais uma coisa, no meio disso tudo você vai conhecer um cara incrível, ou legal, ou normal, com quem você vai casar (ou ficar junto) e ter filhos. E aí o seu trabalho vai ser todo pros seus filhos. Seu dinheiro, seus sonhos, seu futuro. Tudo em volta dos filhos. Mas tudo continua o mesmo. Você trabalha, trabalha, trabalha, sustenta os filhos o suficiente ate que eles sigam os seus passos de estudar, estudar, estudar, trabalhar, trabalhar, casar, ter filhos, e trabalhar até morrer. Ou ate se aposentar. Por que ai quando se aposentar você vai poder seguir seus sonhos. Fazer aquilo que você sempre quis fazer. Aprendemos até em ciências, lembra? Nascer, crescer, reproduzir e morrer. 

Não é mais ou menos assim? Pelo menos é assim que eu entendo.
Mas não pra mim. Não pra mim. Será que você consegue tentar entender?
Todo esse lance de estudar numa ótima faculdade que eu não gosto pra conseguir um emprego medíocre onde vou fazer um trabalho inútil não me agrada nem um pouco. Nem se for trabalhar em algum lugar ótimo. Sei lá. Todo esse lance de ficar enclausurada em um lugar com gente que muitas vezes você nem gosta, por oito horas por dia, pra conseguir dinheiro pra enfim conseguir fazer coisas que você gosta. Parece meio maluco pra mim. Viu que eu larguei a ótima faculdade federal na qual eu passei? Não era pra mim, nunca vou conseguir explicar direito todos os problemas, mas não era pra mim.
Assim como trabalhar em um lugar só também não é. Ficar presa naquele ótimo emprego federal também não é. Eu acho que você talvez não consiga entender, mas nada disso que eu descrevi é pra mim. Faculdade, trabalho, marido, filhos. Não sou eu. Talvez algum dia seja, mas hoje, não é. Aí você vai me perguntar, o que você quer fazer com sua vida então??
Até semana passada minha resposta era simples, eu quero morrer. Simples assim. Eu já tinha imaginado como, quando e tinha todos os detalhes certos. Eu ia esperar que você fosse antes. Ou talvez te levasse junto. E o Billy também (quando eu pensei nisso ele ainda estava vivo). Você foi a única coisa que me segurou nesse mundo por tanto tempo. Simplesmente pelo fato de que eu não tinha coragem de te magoar tanto ao tirar minha própria vida. Então meus pensamentos eram sempre desse tipo, ‘quando minha mãe morrer eu vou pegar todo o dinheiro, ir pra Irlanda, e me jogar daquele lugar especial...é, aquele que é o meu papel de parede do computador no serviço. Meus livros vão pra Mariana e pra Talita. Meus filmes verdadeiros vão pro Junior.  Os outros pra sei lá quem. O resto das roupas pra caridade, junto com as instruções na carta do Gilsinho. E eu ia em paz me encontrar com você por que finalmente o meu sonho, o meu único sonho estava se tornando realidade. Eu ia morrer. E eu ia me jogar. Ou me enforcar. Ou tomar chumbinho. Ou qualquer remédio pra rato. Ou procurar algum tipo de remédio. Ou droga. Ou conseguir uma arma, eu sempre tive vontade de atirar uma arma. ’
Esses eram os meus pensamentos. Só esses, repetidos, levemente alterados, mas em essência, ainda eram esses. Até quinta feira eu achar que ia morrer. Aí tudo meio que caiu em perspectiva pra mim. Não era minha vida que eu queria acabar, mas é essa vida que eu preciso mudar. Em Grey’s Anatomy o chefe fala uma frase mais ou menos assim: ‘Se você precisa do seu trabalho pra ter uma vida... ou você precisa de um novo trabalho ou de uma nova vida’. Você não percebe as coisas e isso me incomoda um pouco, ou muito, mas essa é você, e tudo bem, não estou te culpando mesmo, você fez tudo certo e me deu tudo o que eu quis, mas minha vida ainda é infeliz. Eu vivo pra trabalhar pra ter dinheiro pra pagar as contas, e talvez um japonês e só. E talvez juntar pra fazer alguma coisa. Minha vida é assim e há muito tempo que eu estou infeliz assim. Não digo que o motivo seja o trabalho, mas hoje, ele ajuda já que eu odeio acordar pra ir trabalhar. E não acho que seja normal, como você acha. Que temos que viver desse jeito. Eu tenho vinte e três anos e minha vida é essa? Se for, sinceramente, talvez morrer seja melhor pra mim.
Não é normal nem certo que uma pessoa viva da forma como outras pessoas querem que ela viva. Seguir o que todo mundo diz que é certo, que é o que tem que ser. Que é assim que se faz. Estude. Trabalhe. Case. Tenha filhos. Trabalhe. Aposente. Morra. Pra certas pessoas, casar é um sonho. Ou ter filhos. Ou trabalhar em um banco. Ou numa empresa. Cada um é cada um e cada um leva a vida da forma que acha melhor, e eu não acho que esse seja o melhor pra mim. Eu não quero sentir que cada dia de trabalho é um sacrifício, eu quero ir trabalhar feliz porque eu amo o que eu faço. Ou não trabalhar, só fazer bico e ter dinheiro suficiente só pra sobreviver porque eu to vivendo meu sonho e isso é mais do que o bastante pra me fazer feliz.
Eu já pensei e já escrevi algumas cartas suicidas. Nunca te mostrei e acho que em um momento ou outro eu acabei destruindo elas, mas eu sempre estive ruim. Estive mal. E você não percebia, por quê? Por que você percebe quando Millena está mal e temos que fazer alguma coisa pra animar ela e distrair mas você não percebe que eu não to bem? Que você é a única pessoa que eu tenho pra conversar já que eu não tenho amigos e mesmo assim você mal olha pra minha cara já que você tá quase ganhando no Candy Crush? Ou Sidney Sheldon fez um livro maravilhoso que você se estressa se é interrompida? Ou a Ana Maria tá falando de alguma coisa muito importante e legal e dar pausa na tv te deixa estressada? Então como nós não conversamos eu vou te fazer aqui algumas perguntas que eu sempre quis te fazer.
Você é feliz? Feliz mesmo? Ou você está no automático? Acorda pra trabalhar, pra almoçar, pra jogar, pra trabalhar, fumar, voltar, jogar e jogar e ai dormir e repete o ciclo? Isso te faz feliz? Se te faz, ótimo. Que bom pra você. Mas se não... por que você ainda faz isso? Por que você se desgasta e quase tem um infarto de tanto estresse?
O que te motiva a levantar pela manhã?
Você já realizou todos os seus sonhos de infância, adolescência? Seus sonhos em geral?
Quais são seus sonhos?
A pessoa que você é hoje é tudo o que você imaginava ser quando era criança?
Você vive por minha causa? E eu vivo por sua? Se nossa vida for essa, tem alguma coisa errada.

Sou só eu que penso nisso tudo? Ou você nunca parou pra pensar nessas coisas em meio a tantas e tantas contas a pagar?

Já parou pra pensar que da pra ser feliz sem seguir o que todo mundo disse que era o certo? Eu já. E eu ainda estou pensando nisso. E ai você me pergunta, ‘por quê?’
Eu acho a vida muito curta, mãe. A qualquer momento eu posso ter um infarto. Ou ser atropelada. Ou um maluco sair atirando por aí. Ou eu ter um acidente de moto. Ou um câncer. E se hoje eu parar pra pensar que eu posso morrer amanhã, eu vou me odiar tanto porque eu nunca vivi. Eu não sou feliz trancada dentro de um quarto olhando pra tv, é como se eu estivesse num tipo de sonho quando estou assim, porque a vida das pessoas que eu assisto na tv são melhores que a minha. Eles parecem felizes e eu gosto de ver a felicidade deles.
Claro que deve ser ótimo trabalhar e ser rico e poder fazer tudo, mas trabalhar em algo que você não gosta só pelo dinheiro, é coisa de maluco.
Pensa bem. Se você soubesse que tem os dias contados. Que você tem uma doença e pode morrer logo, você ia querer continuar indo pro trabalho vendo aquelas pessoas que você não gosta? Você ia querer continuar naquele trabalho que te faz mal com pessoas que não apreciam seu valor? Eu acho que não. Eu acho que você ia largar tudo e ia fazer coisas que você gosta porque você tá quase morrendo. Eu acho que você ia andar pela vinte e cinco e gastar todo o LIS porque não ia ter que se preocupar com dinheiro mesmo.
Pensando nisso que eu cheguei onde estou agora. Eu posso morrer a qualquer momento e eu não quero morrer presa nessa cidadezinha sem nunca ter vivido. Sem nunca ter conhecido o mundo. Esse é meu sonho. Pode ser maluco, pode me deixar tão triste e incomodada como eu estou agora, mas eu tenho que tentar. Eu tenho que tentar viver por mim. E não pra você. Desculpe. Eu te amo muito mas eu não posso viver pra você e da forma como você quer que eu viva. Você pode vir comigo e tentar as coisas do meu jeito. A gente pode ficar dura sem ter o que comer, mas eu acredito de coração, que eu seria mais feliz dessa forma do que trabalhar presa fazendo um trabalho inútil pra ganhar dinheiro pra comprar coisas. Eu não quero comprar coisas. Eu adoro comprar coisas, não me leve a mal, mas o preço que eu pago hoje pra mim é muito mais caro. Porque, se por acaso eu morrer amanha, eu vou morrer infeliz, eu vou morrer sentindo que eu não vivi, eu vou morrer me sentindo como uma pessoa que não se sentia confortável na própria pele. Lembra uma frase que eu postei em inglês? Dizia o seguinte: Instead of looking forward to your day, your only focus is surviving it. Quer dizer, mais ou menos, ‘Ao invés de ficar ansioso pelo seu dia, seu único foco é sobreviver a ele. ’ Minha vida tem sido essa e eu não aguento. Eu preciso mudar. Eu quero mudar.
E eu não vou pedir. Não dessa vez. Você pode vir comigo ou me abençoar ou sei lá o que, mas eu tenho que tentar. Eu tenho que fazer alguma coisa ou eu vou ficar maluca. Você diz que não quer que eu faça as coisas sozinha porque está perigoso e coisas acontecem e pessoas são estupradas e mortas e eu concordo que é seu dever se preocupar. E que há coisas com o que se preocupar sim. Mas também é preocupante ser uma pessoa presa dentro de casa que nunca vive. Que pode morrer a qualquer momento também, mas que vive com medo das coisas. De tentar viver.
Eu descobri que eu não quero morrer. Mas eu quero e preciso viver. Viver de verdade. Viver pra valer. Eu preciso saber o que é acordar um dia e ter o dia pela frente e ser feliz com isso. Porque verdade seja dita, até quando eu não tenho que trabalhar e só fico deitada assistindo filmes como agora, eu não estou feliz, não estou vivendo.
Num discurso do Steve Jobs ele fala o seguinte: “Se você viver todos os seus dias como se fosse o último, um dia você acertará” E ele fala ainda mais, e essa frase foi a que mais mexeu comigo quando eu vi:
“Se hoje for o último dia da minha vida, eu gostaria de fazer o que eu vou fazer?”

Minha resposta é não. Seja no trabalho. Seja em casa. Seja considerando simplesmente mudar de trabalho. Eu não sou burra e sei que é preciso ter dinheiro pra sobreviver e por isso que trabalhamos tanto, mas talvez eu consiga unir as coisas que eu gosto e fazer algo que realmente me agrade. Que ME agrade. Eu preciso parar de tentar te agradar, ou agradar minhas primas, tias, tios, seilaquemqueéparente. Eu preciso parar de pensar nos outros e começar a pensar em mim. Eu quero deixar claro que eu sei de tudo isso, sei que o que eu quero fazer é maluquice mas se for me deixar feliz é tudo o que eu quero. Eu sei que pode ser perigoso, mas você sabia que não importa o que você ou eu façamos, as chances são que nós teremos câncer? Algum tipo ou qualquer tipo. É genético, então eu sei que eu tenho grandes probabilidades de morrer, por isso eu quero viver um pouco antes. Não quero ter que esperar me aposentar ou juntar muito dinheiro pra fazer as coisas. Eu quero descobrir as coisas conforme elas vão acontecendo e dando um jeito e sobrevivendo e aí quando você me ver sorrindo, você vai ter certeza, talvez pela primeira vez em quinze anos, que eu estou sorrindo de felicidade. Que eu sou feliz. E que enfim eu estou em paz. 

Eu espero. 




11 formas de ser completamente e incrivelmente normal:

1. Aceite tudo o que as pessoas te falam sem questionar.
2. Não questione autoridade
3.Vá para a faculdade porque você tem que ir e não porque você quer aprender algo.
4.Sente em uma mesa por quarenta horas para o equivalente a 10 horas de trabalho produtivo.
5.Viaje uma ou duas vezes na vida, sempre para algum lugar seguro e confortável. 
6.Faça o maior empréstimo para o qual se qualificar e passe 30 anos pagando por ele
7.Não tente aprender outros idiomas, as pessoas um dia irão aprender português.
8.Pense sobre escrever um livro mas nunca o faça.
9.Pense sobre começar seu próprio negócio mas nunca o faça
10. Não se sobressaia ou atraia atenção para si mesmo.
11. Supere obstáculos. Risque-os da lista. 

Você não tem que viver sua vida da forma que outras pessoas esperam que você a viva.


Texto de Chris Guillebeau, livremente traduzido por mim. 
Cartoon - ZenPencils


Acho que coloquei muitas frases e textos nos quais acredito, mas eles não me influenciaram na decisão que estou tomando. Eles me deram a força que eu precisava. Porque sinceramente?! Ou era isso ou era um caixão. E eu não quero morrer agora que tô começando a viver. Espero que você me entenda. E que não fique irritada, estressada ou sei lá o que. Eu tenho um plano. Eu quero ser feliz. Quer me acompanhar?
Te amo. 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

All Alright



"I got nothing left inside of my chest,
But it's all alright.
"

              Dois meses desde minha última postagem. Lendo coisas antigas é que percebemos como as coisas ainda podem piorar. Ser pessimista tá longe do que eu sou nesse momento mas ser otimista também. Todos os meus planos se foram por água abaixo e eu tô completamente sem forças e sem vontade de tentar seguir adiante ou tentar fazer outros. Na verdade isso não é verdade, meus planos não se foram por água abaixo, mas minha vontade de fazer qualquer coisa, sim. Já fazem dois meses que minha vó faleceu e a dor da falta dela, principalmente num dia de domingo, é imensa. Faz um mês que meu tio faleceu, não dá pra ouvir a palavra Fluminense sem sentir uma dor incomoda. 
              Sinceramente, pra que seguir em frente? Do que adianta viver num mundo com tanta dor que vem de tantas formas tão diferentes? Não, não sou suicida nem nada do tipo, mas realmente não consigo entender como pessoas que passaram por dores e tragédias horríveis ainda conseguem levantar pela manhã. 
               Eu que não sou tão ruim assim, que já consigo passar dias sem lembrar daquela mãos nojentas, sem lembrar daquela outra dor, sem lembrar daquelas pessoas que nunca mais vou ver. Mesmo assim, mesmo sem lembrar, levantar de manhã pra mim é algo que exige todas as minhas forças e mesmo assim, o primeiro pensamento assim que abro os olhos é ''são 6:30, só mais 10 horas e vou poder estar de volta na cama". Simples assim. Então me explica, como pessoas que sofreram bem mais do que eu conseguem seguir em frente? De onde vem essa fé? O que é essa fé que eu não consigo nem compreender? Por que ainda estamos aqui se não importa o que aconteça as coisas só pioram? E as melhores pessoas são as primeiras a ir embora? Por que pra mim parece que todo mundo vai embora quando as coisas ficam um pouquinho mais dificeis? Por que eu fico cheia de pergunta na minha cabeça e uma vontade absurda de conversar com  alguém quando sei que não tenho ninguem? Por que será que as conversas que tenho com pessoas imaginárias já não são suficientes pra eu passar pela semana?




 
 
 
"Sinto-me terrivelmente vazia. Há pouco estive chorando, sem saber exatamente por quê. À vezes odeio esta vida, estas paredes, essas caminhadas de casa para a aula, da aula para casa, esses diálogos vazios, odeio até este diário, que não existiria se eu não me sentisse tão só. O que eu queria mesmo era um ombro amigo onde pudesse encostar a cabeça, uma mão passando na minha testa, uma outra mão perdida dentro da minha. O que eu queria era alguém que me recolhesse como uma menina desorientado numa noite de tempestade, me colocasse numa cama quente e fofa, me desse um chá de laranjeira e me contasse uma história. Uma história longa sobre uma menina só e triste que achou, uma vez, durante uma noite de tempestade, alguém que cuidasse dele."
 
 




Título:  Música All Alright - F.U.N.
Citação: Caio Fernando



sábado, 23 de fevereiro de 2013

Gostava tanto de você

Sabe aquele momento que você percebe que sabe o teu caminho direitinho pelo cemitério? Parar e pensar em quantos funerais e enterros já foi. Acho que por mais que cada um de nós esperássemos, parece que um pedacinho teu ainda espera que fique tudo bem. 
Meus domingos nunca mais vão ser os mesmos, porque domingo sempre foi dia de ir visitar a vovó, comer sorvete de morango (feito em casa, o melhor sorvete que você poderia provar na sua vida!) e bolo, ou salgado, ou o que tivesse. Era dia de ouvir ela reclamando da postura. Ou elogiando alguma coisa. Aquela que quando você operou também já estava de cama, mas que não sossegava, perguntando toda hora se eu tinha comido, se tava bem, se precisava de alguma coisa. Coisa de avó. A que no ano passado me deu o único presente que eu ganhei no meu aniversário: Um pote de sorvete de morango e uma travessa de nhoque de frango que era a comida mais gostosa e que eu nunca vou comer outra vez. Não vou mais ver aquele sorriso bonito ou ouvir as reclamações dela ou os provérbios e dizeres, tinha um pra cada coisa. Não tenho mais minha madrinha que sempre dava um jeito de me dar alguma coisinha de presente não importava quanto fosse, nem que fosse só pra comprar uma calcinha e quando não tinha dinheiro, cozinhava. Porque era a melhor cozinheira que existia.
Apesar de toda a dor e tristeza, é bom saber que eu tive aquela vó, cabecinha branca, cozinha melhor que qualquer pessoa, costura melhor também. É aquela pessoa que fazia de tudo pra ajudar. É também aquela pessoa que reclamava de tudo, que se você fazia alguma coisa reclamava e se não fazia, reclamava também. Era aquela pessoa que tinha um caderninho do lado do telefone e anotava todas as pessoas que ligavam pra ela no aniversário e no dia da avó. 
Aquela mulher que você conheceu a sua vida inteira, mas ela teve que partir pra você ver como ela era uma mulher especial. Uma mulher forte. Que claro que tinha defeitos como todos temos, mas é aquele tipo de pessoa que você tem orgulho de dizer que conhece. 
Uma mulher forte, independente, que nunca dependeu de marido ou de ninguém pra se sustentar. Que fez tudo o que pôde pra manter os nove filhos saudáveis e com roupa no corpo. E depois vieram os 24 netos, que andavam quando pequenos com as melhores roupas feitas a mão que existia. Uma pessoa que trabalhou e fez de tudo pra ajudar quem pudesse. Aquela mulher que fez uma promessa que sempre ajudaria caso uma noiva estivesse em dificuldades pra fazer o vestido, claro que muitas vezes isso significava trabalhar por dias e não ganhar nenhum tostão, o que só a fez se tornar uma mulher ainda mais especial e querida.
Minha avó, minha vó Tunica foi e sempre vai ser, uma mulher incrível, maravilhosa e reclamona, e eu só tenho a admirar e tentar ao máximo seguir seus exemplos.

Você marcou na minha vida
Viveu, morreu
Na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão
Que em minha porta bate...

E eu!
Gostava tanto de você
Gostava tanto de você...


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Something to believe in


                  É importante termos sempre com quem contar, aquela pessoa que não importa o que aconteça você chega e chama e pede conselhos ou só fala e deixa quieto, porque o importante naquele momento era o desabafar. Como já falei antes, eu não tenho isso, não tenho nenhum 'melhor amigo' que posso ligar a qualquer momento do dia e contar o que tá me deixando mal, acho que esse foi um dos motivos de eu ter criado o blog, pra eu ter um canto, mesmo que virtual onde eu pudesse confessar e desabafar tudo o que me aflige durante o dia. As coisas boas também, é sempre bom ter um lugar onde possamos dividir as nossas alegrias, né?! 
                  Mas algumas semanas atras eu li em um blog, (nem lembro mais onde foi por isso não coloco o link aqui) que dizia que o blog mais do que tudo não pode ser um confessionário, porque afinal de contas quem iria querer entrar em um blog só pra ler coisas depressivas?! Que todo blog, por mais que tenha um pouco do escritor tem que ter tambem coisas positivas, coisas alegres para fazer o leitor querer sempre visitar. 
                  Com isso em mente eu fiquei umas duas semanas tentanto imaginar algo bom pra escrever. E sabe quando você não consegue pensar em nada?! Não é pra parecer deprimida nem nada, eu sei que existem coisas boas na minha vida, coisas que eu agradeço por ter, mas sabe quando as vezes não é o bastante? Que a vontade do dia é só ficar na cama e não levantar por nada?! O primeiro pensamento do dia é 'quando eu vou poder voltar pra cama?' (sem brincadeira). Então fui enrolando antes de fazer outra postagem pois não queria falar disso. Aí eu parei pra pensar bem...esse é meu canto, pros meus pensamentos, certo?! Isso quer dizer que eu tenho o direito de falar aqui o que eu bem entender. Desculpa se isso vai incomodar alguém. Mas eu sou (ou estou) assim. Vontade de chorar a todo momento. Nervosa o tempo todo. Os melhores dias que eu tive em semanas, foi agora antes do carnaval que eu fiquei com dengue e tive que ficar a semana toda de cama (acabei emendando no carnaval e fiquei duas semanas direto na cama assistindo filme porque nem ler, que é uma das minhas maiores paixões eu conseguia - absurdo né?! Ficar feliz pois ficou doente. Mas enfim, é assim que eu estou.) Não tô pedindo que sinta pena de mim, nem que tente dar várias soluções (mas elas seriam benvindas!) É só um desabafo, porque quando você é pequena ou mais nova tem aquela pessoa que te olha nos olhos e vê que você não tá bem. Conforme você vai crescendo as pessoas param de reparar ou param de falar alguma coisa. E aí você se vê com aquele nó na garganta e sem ter ninguem com quem contar. 
                  Tô largando a faculdade, enfim tomei coragem, mas mesmo assim, por mais feliz e em paz que eu esteja com isso eu ainda fico nervosa e me sentindo culpada. Minha vó/madrinha está em estado terminal. Não estou com um relacionamento muito bom com minha mãe. Tô cansada o tempo inteiro. Tô sem ânimo pra dar aula. Sem ânimo pra estudar francês. Sem ânimo pra ler. Arrasada porque tentei fazer contato com minhas 'ex-quase-pra sempre amigas' do ensino médio, com quem eu podia contar pra tudo e com quem eu até me reaproximei esses ultimos meses mas que não estão nem aí. Eu sei que cada um tem sua vida e que eu não posso cobrar nada de ninguem, mas sabe aquelas pessoas que te falam que sentem sua falta e que querem te ver, mas que nunca, em momento algum fizeram o que quer que fosse pra mudar isso? As poucas vezes que nos encontramos foi porque eu organizei, eu que fui atras, eu que marquei, cansei disso. É injusto você ser sempre a pessoa que procura, e nunca a que é procurada.
                  Enfim, eu tô assim agora. Eu já estive assim por muito tempo. Mas parece que nada consegue consertar esse meu jeito, pelo menos agora eu tenho meu cantinho pra desabafar.


 "Eu não tinha interesse. Eu não tinha interesse por nada. Não fazia a mínina ideia de como iria escapar. Os outros, ao menos, tinham algum gosto pela vida. Pareciam entender algo que me era inacessível. Talvez eu fosse retardado. Era possível. Frequentemente me sentia inferior. Queria apenas encontrar um jeito de me afastar de todo mundo. Mas não havia lugar para ir. Suicídio? Jesus Cristo, apenas mais trabalho. Sentia que o ideal era poder dormir por uns cinco anos, mas isso eles não permitiriam."

Citação: BUKOWSKI, Charles. Misto quente. (tradução Pedro Gonzaga). Porto Alegre: L&PM, 2010, p.191-192.
Imagem: Foggy Park - Leonid Afremov 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Destination Anywhere

                 Sempre gostei muito de ler. Desde pequena. Aprendi a ler aos tres anos e enchia o saco de todo mundo quando andavamos na rua e eu lia cada placa ou sinal que passavamos. Mas tenho um problema muito sério, eu moro numa cidade que alem de nem ter uma livraria ou biblioteca decente, mais de noventa por cento das pessoas que eu conheço não lêem. Não gostam e eu fico me sentindo meio deslocada. 
                 Uma das minhas maiores frustrações de morar aqui é exatamente isso. Sabe quando você lê aquele livro muito incrivelmente perfeito que você tem que ir e conversar com alguém sobre ele, tem que dividir a história dele com alguém?! É, eu nunca tive muito disso. E por isso também, nunca tive muito quem me indicasse livros bons. Quando comecei a trabalhar a primeira coisa que fiz foi o meu cartão da Saraiva e comecei a comprar os livros que sempre quis ter, depois passei pra lista dos livros mais vendidos e então fui lendo a sinopse dos livros que eu gostava e acabava comprando pra ver se era bom. Aí descobri Gilmore Girls (amo até hoje *-*) e fiz minha listinha de livros da Rory! haha Todos os livros que ela comentava ou lia ou só mencionava, eu procurava na internet e se me interessasse a história eu acabava comprando. Foi aí que comecei realmente a ser uma leitora assídua, comprava livro quase todo mes, mesmo ainda tendo aquela pilha absurda de livros pra ler! E isso é um problema muito sério também, já que a conta dos cartões aumentam. E meu tempo pra ler tudo diminui. 
                 Enfim, agora descobri alguns blogs que promovem o desafio literário e resolvi participar de um! O que eu mais gostei é o do blog Pensamento Tangencial que é o Desafio dos Clássicos! Simplesmente perfeito, né?! Principalmente pra mim que já tenho uma estante de clássicos que só comecei a ler. Essa é minha estante e minha lista. O desafio propõe apenas 5 livros, mas vou tentar terminar com todos os meus e ler outros que sempre tive vontade de ler mais ainda não comprei!

Minha lista:
  1. Terminar de ler Anna Karenina (tô quase na metade, mas por ser um livro muito grande fica complicado levar na bolsa pra todos os lugares >.<) - Leon Tolstoy
  2. O fantasma da Opera - Gaston Leroux
  3. Infancia - Máximo Gorki
  4. O corcunda de Notre-Dame - Victor Hugo
  5. Crime e Castigo - Dostoyevsky
  6. Morro dos ventos uivantes - Charlotte Brontë
  7. Grandes Esperanças - Charles Dickens
  8. Os belos e malditos - F. Scott Fitzgerald
  9. O velho e o mar - Ernest Hemingway
  10. Frankestein - Mary Shelley
  11. Lolita -Vladimir Nabokov
  12. O Conde de Monte Cristo - Alexandre Dumas


P.S.: Pra quem curte ler em inglês, a maioria dos livros da Penguin são ultra baratos, o máximo que gastei neles foi R$13,00 :) 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Should I stay or should I go?

            


            Indecisão. Uma palavra bem simples pra algo tão complexo, não acha?! Eu nunca tinha parado muito pra pensar nisso mas percebi ultimamente que sou uma pessoa ultra-mega-power indecisa. E é uma merda! Eu não consigo me decidir nem nas coisas mais simples, tipo, que livro ler?! Eu tenho nada mais nada menos que 12 livros que comecei a ler e pulei pra outros. Não que os livros sejam ruins, porque não são, são ótimos na verdade, mas o meu gosto muda, tem hora que não tô com vontade de ler tudo, sabe como é?! Eu leio o que estou com vontade no momento, e tem hora que quero um mais cômico então pego Oscar Wilde, aí quero um mais romântico aí pego Cecelia Ahern, quero um pouco mais de suspense então é só pegar Harlan Coben, e nisso, começo vários, cada dia, cada hora que sento pra ler pego um diferente de acordo com a decisão do momento. Não precisa nem dizer que tô mega atrasada na minha leitura né? (pior é ficar navegando nos sites do Submarino, Fnac e EstanteVirtual, procurando mais livros pra comprar [o que prometi que não faria] - Tá aí outra indecisão, diga-se de passagem).
            Enfim, eu não consigo me decidir nem como me sinto. Fizeram uma brincadeira comigo no trabalho ontem e eu não sei se fico muito puta com eles, se deixo de lado ou se rio de tudo. Cada hora eu tomo uma decisão de como eu devo me portar e chega na hora mudo de ideia. Penso que não tem nada a ver, foi só uma brincadeira e aí me estresso porque todo mundo viu que eu tô pessima essa semana, podiam muito bem ter me deixado quieta e aí penso que é ambiente de trabalho e preciso relevar as coisas e rir. E penso tudo de novo, e de novo. Tô parecendo uma louca, tô me sentindo uma louca. 
                  É uma coisa estranha, não conseguir se decidir. Nem nas coisas simples. Acho que o básico de cada ser humano é saber tomar decisões, livre arbitrio e coisas desse tipo, mas eu não tenho conseguido tomar nenhuma decisão, como é que pode?! 
             Cozinhar ou dormir? Estudar ou largar? Trabalhar ou estudar? Estressar ou rir? Chorar ou dormir? The Script ou The Fray? Comprar livros ou guardar dinheiro? Almoçar ou lanchar? Chocolate ou cerveja? Francês ou Italiano? Jane Austen ou Sophie Kinsella? Parece que essas perguntas estão gravadas no meu cérebro e cada vez que tento responder, mudo de opinião e na hora de agir, mudo de ideia mais uma vez. E mais uma vez. E outra vez depois dessa.



segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

I'm not crazy, I'm just a little unwell

 “Dói. Se me perguntarem o que acontece, só saberei responder isso: dói. Se me perguntarem onde é a dor, ainda assim só responderei: dói. Tudo tem a ver com aquele grito reprimido, aquele sonho escondido, aquele choro nem sempre contido: dói. Aquela vontade de cortar a garganta para não poder gritar. Aquela vontade de arrancar os olhos só pra não poder ver. Aquela vontade de esmagar o coração só para não poder sentir. Mesmo com todas essas coisas incapacitadas ainda assim doeria. Porque não está na garganta, nos olhos, no coração. Está em toda parte.”
Caio Fernando Abreu.




             É hoje. 
            Volta as aulas. Tinha que ser algo mais feliz. Não algo que te da tanto medo que seu coração dispara e sua mão começa a tremer só de imaginar. Não pode ser algo que te faz chorar sem motivo só de saber que tem que ir. Não deve ser algo que te faz querer que algo ruim aconteça com você só pra não ter que ir. Parece que tô indo pra forca, vai entender. 
            Vontade de me enfiar embaixo das cobertas e só saír...ahh, nem sei quando. O pior é esse jeito que me sinto, essa dor no peito, esse tremor, esse choro que não para. 
          Enfim, o dia hoje promete. Entre lágrimas e tremores. Só espero conseguir sair do onibus dessa vez.



"Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar."
Caio Fernando Abreu.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Resoluções...

          Ano Novo. Vida Nova! É, até parece! Já começamos o ano repetindo todos os mesmos procedimentos do ano passado. Acreditando que as coisas vão mudar, fazendo planos e colocando em prática resoluções de fim de ano, tudo isso pra chegar fevereiro e voltar tudo ao normal. 
                 Pela primeira vez que eu possa me lembrar não fiz nenhuma resolução de fim de ano, não espero nada desse ano, só que o que tiver de acontecer que aconteça (coisas boas, por favor!). Não me leve a mal, tenho planos e sonhos que tô fazendo de tudo pra que se realizem nesse ano, mas aquela coisa do tipo 'Vou comer menos, emagrecer, ser mais organizada, estudar mais, malhar todo dia' [convenhamos, é praticamente a mesma pra todo mundo] não fiz e nem quero saber! 
                 Sou gorda sim, e daí?! Deve ser maravilhoso ser magrinha e poder vestir qualquer roupa sem ter que ficar se sentindo mal ou toda apertada, ser organizada a ponto de achar tudo o que procura, estudar e ser a melhor aluna da sala e ficar sequinha com um corpinho que faz com que os homens olhem pra você. Tudo isso deve ser ótimo. Mas quer saber?! Tô nem aí. Sou gorda e gosto de comer, não vou deixar de comer o que eu gosto por isso, todo mundo que eu vejo fazendo dieta é um sacrificio, reclamam do que comem e não comem as coisas gostosas da vida. Quem consegue viver sem um brigadeiro?! Ou qualquer tipo de chocolate?! haha Não tô dizendo que vou abusar e virar alguem que nem cabe na porta, e até que é bom receber elogios porque tá bonita, mas se qualquer pessoa vai ter interesse em mim pela minha aparencia, sinceramente, não é alguem que eu queira ter na minha vida. Quero alguem que goste de mim por quem eu sou, minha aparencia não sou eu, é só parte dos meus hábitos. Tendo saúde, o resto, minha filha, é ser feliz.
                 Organização?! Fala sério, adoro minha bagunça. Eu me encontro na minha bagunça. E a única parte da minha casa que importa, está sempre organizada. Meus livros. Organizados por Genero, ordem Alfabetica e por ano. (louca, eu sei, mas ficam perfeitos *-*)
                 Estudar...Ô probleminha! Eu sinto panico na hora de ir pra faculdade, sério, de passar mal, ficar enjoada, ter tonteira e tudo o mais. É medo, não sei por que. Mas não gosto de lá, não sei se não gosto só do curso mas das pessoas também. É aquele lugar cheio de gente que só quer saber de pegar uns aos outros e encher a cara. Gente falsa. Gente que faz mal. Sempre fiquei muito sozinha lá. Mas quero terminar. Então, segunda dia 07, tô de volta. Só espero que consiga chegar lá, sem desistir no meio do caminho. Só isso já está de bom tamanho! 
                 Malhar. Sério?! Acha que vou deixar meu sofá com meu livro ou com meu filme pra ir pra academia?! De jeito nenhum! Preguiça sempre ganha.haha Mas sim, tenho que fazer alguma atividade fisica, saude, né?! Quem sabe boxe?! Visualizar a cabeça daquela pessoa que você odeia e começar a socar e chutar, deve ser ótimo! haha

                 Enfim, pra que resoluções, pra que esperar que tudo mude se nós não vamos mudar?! Não fiz resoluçoes por isso. Todo ano prometo que vou emagrecer, mas nao paro de beber coca nem de comer doce. Talvez seja bom assim, estando saudavel tá tudo certo. E quer saber da maior?! Na chuva que tá aqui no Rio, chegando em casa vou fazer aquele brigadeiro bem gostoso *-* Afinal de contas, o mundo era pra ter acabado dia 21 né?! Nosso fim do mundo pode ser a qualquer momento, então eu quero morrer feliz. Não me sacrificando pra agradar aos outros. Não que comer seja a maior felicidade da minha vida, gosto de comer besteira e por isso sou gorda. Mas é importante fazer coisas que te façam bem sem te prejudicar, não é? E minha felicidade nesse momento é uma panela de brigadeiro! *-* Qual é a sua?!



"Em geral, Felicidade é o estado de satisfação em relação ao mundo, que difere de bem-aventurança, que é o ideal de satisfação independente da relação do homem com o mundo, por isso é limitada à esfera contemplativa ou religiosa.
O conceito de felicidade é humano e mundano; nasceu na Grécia antiga, onde Tales julgava feliz: “Quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada”. Demócrito, de maneira quase análoga, definia a Felicidade como: “A medida de prazer e a proporção da vida, que era manter-se afastado dos excessos e dos defeitos”.
Resumindo: “A Felicidade é o sentimento que temos que tudo está bem”. É a ausência de medo, de perturbação e de conflito. É um estado mental de tranqüilidade, satisfação e prazer. É paz de espírito."
Medicina da Felicidade